A perda de peso é um sinal clínico frequente e não-específico.
A perda de peso progressiva, ao longo de várias semanas ou meses, na ausência de um regime dietético, é anormal e . Mecanismos genéricos de perda de peso patológica incluem diminuição da ingestão de alimentos, metabolismo acelerado e perda de calorias na urina ou fezes.
Frequentemente, a perda de peso está associada a anorexia (diminuição do apetite). No entanto, em algumas situações, a perda de peso, paradoxalmente, acompanha-se de apetite conservado ou aumentado. ´
E o que acontece com a diabetes mellitus, tirotoxicose (excesso de hormona tiróide), síndromas de má-absorção e, ocasionalmente, leucemias ou linfomas. A perda de peso ocorre num largo espectro de condições, incluindo doenças endócrinas ou metabólicas (Addison´s, hipertiroidismo), intoxicação por fármacos (anfetaminas, digitálicos), neoplasias malignas, infecções (e.g., tuberculose), doenças renais, doenças hepáticas (hepatiteaguda, hepatite crónica, cirrose ), síndromas de má-absorção (sprue, linfoma intestinal), SIDA e doenças de foro psicogénico (ansiedade, depressão, anorexia nervosa). Como as causas de perda de peso inexplicada são inúmeras, não é possível investigá-las todas. A história clínica e o exame físico podem fornecer dados importantes para o diagnóstico diferencial.
Quando não existe uma causa óbvia e as doenças psicogénicas podem ser excluídas, a avaliação inicial deve incluir, no mínimo, o seguinte: Hemograma completo, velocidade de sedimentação, urinálise, "screening" bioquímico, electrólitos, testes da função tiróide, teste de tolerância à glicose, análise de fezes (sangue, ovos, parasitas) e radiografia pulmonar. Se estes estudos não são reveladores, uma investigação detalhada é imperativa. Alguns dos testes seguintes devem ser fortemente considerados: a. Testes cutâneos (e.g., tuberculina). b. Testes serológicos (sífilis, artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistémico). c. Electroforese das proteínas e doseamento das imunoglobulinas. d. Radiografias ( pielografia endovenosa, radiografias gastro-intestinais completos, radiografias do esqueleto). e. Testes para excluir endocrinopatias (e.g., Addison´s, hipopituitarismo). f. Biópsias (medula óssea, fígado, pele, músculos). g. Estudos rádioisotópicos. h. Estudos angiográficos. i. Tomografias computorizadas, ultrasonografias, quando consideradas apropriadas. j. Serologia para despiste de SIDA, se indicado.
Nas pessoas idosas, a perda de peso é, frequentemente, multifactorial. Causas comuns são o isolamento, demência, delírio, depressão, reacção a medicamentos e a presença de doenças crónicas ou malignas. Entre as doenças malignas, os cancros do tracto gastro-intestinal estão tipicamente associados à perda de peso (e.g., cancros do esófago, estômago, pâncreas e cólon). Outras neoplasias a considerar incluem linfomas, leucemias agudas ou crónicas, síndromas mieloproliferativos, cancros do fígado, vesícula biliar, intestino delgado, osteosarcomas e cancros de origem desconhecida. Naturalmente que estes cancros são muito mais frequentes em pessoas idosas e, dum ponto de vista meramente probabilístico, é muito mais provável que uma pessoa com 70 anos e com perda de peso tenha uma neoplasia maligna do que uma pessoa com 20 anos. No entanto, as probabilidades são válidas em termos gerais, mas não são aplicáveis a casos particulares.
Como tal, o diagnóstico diferencial acima indicado permanece válido, independentemente do grupo etário. O grau de suspeição de doenças malignas na presença de perda de peso inexplicada deve ser alto, e ainda mais se a perda de peso se acompanha de outros sinais ou sintomas que estão associados a doenças malignas como, por exemplo, linfadenopatias localizadas ou disseminadas, hepatosplenomegalia, nódulos ou massas cutâneas, púrpuras, disfagia, pirose, desconforto epigástrico, odinofagia, sangue nas fezes, dores ósseas persistentes na coluna vertebral, hematúria, icterícia, prurido cutâneo generalizado. A pesquisa sistemática destes sinais e sintomas pode apontar para uma determinada etiologia e para a realização de certos testes, poupando assim tempo e dinheiro na avaliação. Em resumo: Em presença de perda de peso progressiva e inexplicada, especialmente em pessoas idosas, considerar a possibilidade de um tumor maligno.
A história clínica e o exame físico sistemático podem ser altamente reveladores e apontar para o diagnóstico provável. Adoptar uma atitude passiva ("vamos ver o que acontece") não é a solução correcta. A perda de peso é um sinal objectivo que pode ser facilmente quantificado com uma balança. Não é uma invenção ou um sinal de hipocondria. Tem de ser investigada até se chegar a um diagnóstico definitivo. Se necessário, o doente deve ser admitido a um Hospital com os meios humanos e tecnológicos necessários para o diagnóstico, num intervalo de tempo razoável. A perda de tempo, num caso de doença maligna, pode piorar o prognóstico de forma significativa. Isto é que é importante. O resto, como dizia o físico Ernest Rutherford, no princípio do século passado, é "filatelia".
Endocrinologista - Dra. Paula Rosado
Tijuca - Rio de Janeiro - RJ
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